Leio no caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo, uma entrevista com Martin Scorsese acerca de seu novo filme, A Ilha do Medo (Shutter Island), exibido fora de competição no Festival de Berlim.
Ok, é interessante saber as influências do cineasta e conhecer algumas (duas) histórias pessoais, mas a matéria é bem fraquinha. E o pior: ao falar do filme, a repórter simplesmente se esqueceu de dizer que é uma adaptação do excepcional thriller psicológico Paciente 67, escrito por Dennis Lehane, autor de, entre outros, Sobre Meninos e Lobos e Gone, Baby, Gone – este último transformado no filme Medo da Verdade pelo canastrão Ben Affleck, que, ainda bem, deixou o papel principal para seu irmão, Casey, muito mais competente.
Custava a moça se informar melhor ou, pelo menos, dar o devido crédito? Scorsese é bom, muito bom, mas nem ele seria capaz de fazer o filme que fez se não fosse Lehane. Tão, ou mais, importante quanto a estética do longa, é citar sua origem literária.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
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domingo, 5 de outubro de 2008
O ser humano pode ser assustador
Acabei de assistir a Ensaio sobre a Cegueira.
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quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Mais David Lynch
Continuando com minha participação no Especial David Lynch, sobre o qual já falei há alguns dias, escrevi uma resenha do filme Veludo Azul.
O próximo filme é a história de Sailor e Lula: Coração Selvagem.
Aguardem.
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sábado, 2 de agosto de 2008
Especial David Lynch
Já está no ar mais um Especial Homem Nerd. Desta vez, o homenageado é David Lynch, cineasta responsável por coisas estranhas como Cidade dos Sonhos e pérolas como Twin Peaks.
A mim coube a difícil tarefa de resenhar dois dos trabalhos mais antigos do diretor: Veludo Azul e Coração Selvagem. Além disso, escrevi um artigo sobre a experiência de assistir a exibição original de Twin Peaks na tv brasileira e um pequeno comentário sobre o personagem Dale Cooper e sua mania de gravar mensagens para a secretária Diane.
Espero que vocês gostem. Mesmo para quem não é fã de Lynch, vale a pena ler diversas opiniões sobre a obra desse controverso diretor.
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quinta-feira, 10 de julho de 2008
Dos filmes que não me canso de assistir (2)
Há um pouco de Jane Austen em toda mulher, mesmo que ela não saiba. No comecinho do século 19, a escritora inglesa escrevou seis romances que fizeram sucesso instantâneo e continuam extremamente atuais: Razão e Sentimento (Sense and Sensibility, 1811), Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice, 1813), Mansfield Park (1814), Emma (1815), A Abadia de Northanger (Northanger Abbey, 1818) e Persuasão (Persuasion, 1818). Os livros de Jane são filmados e refilmados o tempo todo, embora eu nunca tenha assistido a uma adaptação de Northanger Abbey.
No filme O Clube de Leitura de Jane Austen (The Jane Austen Book Club, 2007), cinema para meninas, é traçado um paralelo entre as heroínas dos romances e os membros do clube, embora esse paralelo fique mais evidente no livro homônimo.
Mas a história vai além e nos faz perceber que as discussões propostas por Jane ainda não se encerraram, nos faz notar como é vasto e maravilhoso o campo das emoções humanas e como ainda há o que se dizer a esse respeito.
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quinta-feira, 3 de julho de 2008
Dos filmes que não me canso de assistir (1)
Não consigo explicar por que gosto tanto de A Outra História Americana (American History X, 1998), história tensa, provocadora e incômoda. É um filme sobre ódio e racismo, mas é também um filme sobre o amor, por mais piegas que isso possa soar. Há redenção, expiação de pecados, exorcismo de demônios interiores.
É a história de um ídolo que se tornou homem, de um super-herói que se torna mortal, de escolhas erradasm muito erradas, e de uma única decisão, embora tardia, bastante acertada.
(Não achei o trailer com legandas em português, desculpem!)
A atuação de Edward Norton, impecável, mereceu indicação para o Oscar. Ele perdeu para Roberto Benigni, de A Vida é Bela, na mesma cerimônia em que Gwyneth Paltrow tirou a estatueta das mãos de Fernanda Montenegro.
Não me parece que 1999 tenha sido um ano muito feliz no que diz respeito às escolhas da Academia.
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sábado, 28 de junho de 2008
Sites interessantes (2)
No começo do ano, recebi um convite que me deixou muito orgulhosa. O competentíssimo pessoal do Homem Nerd pediu que eu fizesse parte da equipe, contribuindo com resenhas de literatura e cinema (a lista completa do que já escrevi está à direita, na coluna cinza, sob o título super criativo "Resenhas que fiz").
A proposta do site, dedicado ao entretenimento, é muito boa. Todos os dias a página inicial traz notícia ligadas a cinema, TV, literatura, música. Periodicamente a equipe prepara um especial que aborda um tema específico e conta com artigos escritos pelos responsáveis por cada área, assim o leitor tem a visão de várias pessoas, sob várias perspectivas, mas dentro de um mesmo assunto. Em fevereiro houve o Especial Oscar 2007 e, em maio, o Especial Mulheres.
Do que mais fico admirada é que o Homem Nerd, um site independente que não conta com apoio financeiro de ninguém, consegue trazer semanalmente a cobertura completa de todas as estréias de cinema, com resenhas e traileres de todos os filmes que entrarão em cartaz, rivalizando com sites como Cineweb, Omelete e Cineclick, só para citar alguns. Outros sites, como Uol, Terra e IG, por exemplo, contam com as costas-quentes de empresas que podem pagar jornalistas profissionais para fazer o mesmo serviço, nem sempre com a mesma competência.
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quarta-feira, 28 de maio de 2008
Uma lágrima para Sidney Pollack
Ando tão desligada que só soube da morte de Sidney Pollack há dois minutos, lendo um artigo do New York Times. Fique com lágrimas nos olhos. Ele morreu com 73 anos (a mesma idade com que meu avô paterno morreu, em 1986) e minha impressão era de que ele poderia dirigir e atuar em Hollywood por muitos anos mais.
Das atuações, lembro-me do amigo e voz da razão para Tom Cruise em De Olhos Bem Fechados e do pai desmiolado de Will Truman em Will & Grace.
O mais importante, porém, é sua carreira como diretor. Como não chorar pelo homem que fez Entre Dois Amores (Out of Africa, 1985), com Meryl Streep, e Nosso Amor de Ontem (The Way We Were, 1973), com Barbra Streisand, ambos com Robert Redford, duas das histórias de amor mais bonitas que já vi? Pollack também foi o diretor de A Firma (The Firm, 1993), inspirado no segundo melhor livro de John Grisham, e de Tootsie (1982).
Além da competência, tinha cara boa.
Já para a locadora: preste a sua homenagem, (re)vendo A Intérprete (The Interpreter, 2005), o último filme dele.
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terça-feira, 6 de maio de 2008
Que é cult?
Parece que esses ingleses são tão loucos por listas quanto eu!
Primeiro, foi a lista da biblioteca perfeita.
Agora, o Daily Telgraph, de Londres, compilou a lista dos 50 livros mais cult de todos os tempos. Vale tudo, desde ficção científica até puericultura, de memórias de guerra a pseudofeminismo.
Segundo o jornal, livro cult é aquele que muda o seu pensamento, a sua atitude, o seu comportamento, a sua vida, enfim. A minha lista tem nomes que, para alguns, são velhos conhecidos - integram as dicas para a Laura -, como O menino no espelho e O encontro marcado, ambos de Fernando Sabino, mas também tem títulos recentes como A oficina do escritor, de Nelson de Oliveira, que me mostrou novas perspectivas sobre o ato de escrever e novas formas de pensar a literatura.
Como sou uma pessoa extremamente visual - costumo transformar em imagem qualquer coisa que leio, qualquer história que ouço, certas cenas ficam entalhadas na minha mente -, há também filmes que fazem parte do meu mundinho cult, como Possessão e De caso com o acaso, Antes do amanhecer e Antes do pôr-do-sol, Closer - que serviu de inspiração para outro post - e Um beijo a mais, só para citar alguns longas mais recentes.
Música também é cult. Os discos Brotherhood (New Order), Black Celebration (Depeche Mode), Invisible Touch (Genesis) e The Joshua Tree (U2) são clássicos pessoais. Séries de TV também, como a amalucada Twin Peaks ou a histriônica Ally McBeal.
Adoraria saber o que vocês consideram cult...
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sábado, 3 de maio de 2008
Platônico e epistolar
Helene Hanff era uma escritora americana que, em 1949, tinha dificuldade para encontrar os livros por que procurava em Nova York, onde morava. Após ler o anúncio da Marks & Co em um jornal literário, ela passou a fazer suas encomendas nessa livraria de novos e usados localizada em Londres. As cartas trocadas entre Helene e o gerente da livraria, Frank Doel, de 1949 até 1968, foram reunidas em um fofo livro, publicado em 1971 (em 1988, no Brasil) e transformado em filme em 1987.

P.S. Cito, com esse post, a lembrança de duas pessoas de quem gosto muito: Elzinha, que me emprestou o livro há muitos anos (acho que ela nem se lembra!), e Will, companheiro da minha época de vendedora, que adorava essa história e recomendava o livro para todo o mundo. Beijos aos dois!
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domingo, 20 de abril de 2008
Crescer é perigoso
Quando eu era criança, meu pai dizia que “se é um lugar que não existe” (é o título de um livro); meu namorado diz que “na vida, o se não joga”. Apesar de os dois serem as figuras masculinas mais importantes da minha vida, as que mais respeito e admiro, ouso discordar.
Perguntar “e se?” é irresistível. E se eu tivesse cursado Letras em vez de Direito? E se eu não tivesse mudado de carreira? E se eu tivesse ido àquela festa? E se eu tivesse ficado em casa? Imaginarmos uma realidade alternativa à nossa é viciante.
O tema do universo paralelo já foi abordado algumas vezes pelo cinema, como em Homem de Família (The Family Man, 2000), com Nicholas Cage e Téa Leoni, ou Click (2006), com Adam Sandler.
O meu preferido, porém, é De Caso com o Acaso (Sliding Doors, 1998), com Gwyneth Paltrow e John Hannah. No filme, a questão do “e se?” é apresentada de forma charmosa e elegante. Depois de ser mandada embora, Helen pega o metrô para voltar para casa. Na primeira situação, ela consegue entrar no primeiro trem que passa e, ao chegar em casa mais cedo, flagra o namorado com outra. Na segunda situação, ela perde o trem e continua sua vidinha ao lado do namorado cafajeste. Conforme o filme avança, acompanhamos a história das duas Helen e os desdobramentos que advieram do simples fato de ter entrado ou não no metrô.
Claro que, se passarmos o tempo todo avaliando quais são os possíveis desdobramentos de cada um de nossos atos e nossas decisões, é bem provável que enlouqueçamos antes do término da primeira semana. E, pior do que isso, estaríamos sufocando algo que é essencial: nosso instinto.
Falei aqui sobre como é difícil tomar certas decisões, mas acho que racionalizá-las ao extremo não é a solução. É mais fácil, penso eu, encararmos as conseqüências de uma decisão desastrada se ela tiver se baseado em nossa intuição em vez de em qualquer argumento racional. Ora, a racionalidade, por definição, não deveria nunca estar errada, ao passo que à nossa emoção sempre é permitido errar, arrepender-se, descabelar-se, conformar-se, esquecer, perdoar.
Outra palavrinha de definição fácil, mas significado complexo, é escolha. De braços dados com decisão, escolha assombra a mente dos incautos com possibilidade com que, nem sempre, conseguimos lidar.
E aqui chegamos (finalmente) ao gatilho desse post, o filme Um Beijo a Mais (The Last Kiss, 2006), com Zach Braff.
(Explicação rápida: gatilho é uma metáfora para qualquer coisa que dispare um processo ou provoque uma reação específica. Sabe, aquilo que acontece quando você ouve uma música e lembra de alguém ou quando você vê uma tartaruga e pensa em mim :). Será que eu precisava mesmo explicar o que gatilho significa? Talvez não, mas, sei lá, não consigo evitar ser meio professoral. Presunção, eu sei. Então. Ultimamente o gatilho para muitas das minhas reflexões tem sido o cinema. Como vocês podem perceber. Mas, divago. De volta ao texto.)
O longa é uma refilmagem do italiano L’Ultimo Bacio (2001) e manteve o enredo do filme europeu. A abordagem é diferente, lógico, mas também funciona. A história fala de um homem de 29 anos que tem uma crise quando percebe que terá de entrar de vez na vida adulta: sua namorada está grávida. Tem uma resenha minha sobre o filme aqui, se você quiser ler.
Bom, o fato é que Michael, o protagonista, fica apavorado quando percebe que sua vida parece estar inteiramente planejada, sem espaço para surpresas, antes mesmo de ele completar 30 anos. Em suas reflexões, Michael se lembra de que, quando era criança, ele imaginava como seria sua vida aos 30 e o cenário era exatamente o que ele está vivendo. Tudo o que ele imaginava, aconteceu. Ainda assim, ele não se sente seguro o suficiente para se comprometer e tornar-se adulto. Ele se ressente de ter de abandonar um mundo de possibilidades por ter de optar por uma única certeza.
E aí eu pergunto: dá para saber se é uma certeza mesmo? Dá para saber se você fez a escolha certa quando decidiu se casar com aquele namorado que não era bem o que você imaginava, mas que se tornou um bom pai? Dá para saber se você teria sido mais feliz se tivesse feito uma viagem pela Europa antes de entrar na faculdade e ser atropelado pela vida?
Resposta: não dá. O segredo – quer dizer, o meu segredo, o que funciona para mim, já que não sei se a receita desandaria em outra cozinha – é ser fiel a seus princípios e sempre, sempre, ouvir seu coração, não dar ao dinheiro mais importância do que ele merece e agir conforme sua intuição.
Parece trecho de livro de auto-ajuda. Parece filosofia barata. Parece algo que Paulo Coelho falaria. Não importa, tem dado certo há alguns anos e não penso em mudar.
Enquanto a gente pensa nisso, vale a pena ouvir a música-tema de Um Beijo a Mais, "Chocolate", da banda Snow Patrol.
Chocolate
(Snow Patrol)
This could be the very minute
I'm aware I'm alive
All these places feel like home
With a name I'd never chosen
I can make my first steps
As a child of 25
This is the straw, final straw in the
Roof of my mouth as I lie to you
Just because I'm sorry doesn't mean
I didn't enjoy it at the time
You're the only thing that I love
It scares me more every day
On my knees I think clearer
Goodness knows I saw it coming
Or at least I'll claim I did
But in truth I'm lost for words
What have I done it's too late for that
What have I become truth is nothing yet
A simple mistake starts the hardest time
I promise I'll do anything you ask...this time
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terça-feira, 18 de março de 2008
Uma lágrima para Anthony Minghella
Anthony Minghella não dirigiu muitos filmes durante sua carreira, encerrada hoje, abruptamente, por uma hemorragia cerebral. Foram dez ao todo, e o cineasta - que morreu cedo, aos 54 anos - foi responsável por duas pérolas: O paciente inglês e O talentoso Ripley.
Minghella ainda foi o responsável pela adaptação do excelente romance A agência no. 1 de mulheres detetives, de Alexander McCall Smith. O filme foi feito sob encomenda para a BBC, e foi exibido na Páscoa.
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sexta-feira, 7 de março de 2008
Nostalgia
Li aqui um artigo sobre os filmes adolescentes clássicos dos anos 80.
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sábado, 16 de fevereiro de 2008
Literatura no Oscar 2008
Escrevi um artigo sobre os livros que inspiraram os filmes que estão concorrendo ao Oscar este ano.
Vai lá e veja se gosta!
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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Sobre Adrian Lyne
Rever filmes sempre acrescenta algo novo à impressão que eles me causaram quando os vi pela primeira vez. Por exemplo, rever os três primeiros episódios de Guerra nas Estrelas depois de assistir os três últimos – em ordem de filmagem, bem entendido – mostra como os efeitos especiais evoluíram desde 1977. Ou rever Uma secretária de futuro, com Melanie Griffith e Sigourney Weaver, e se dar conta de que, ainda bem, os anos 80 passaram e, com eles, os cabelos, as roupas e toda a paranóia yuppie.
Pois bem, hoje à noite eu revi Proposta Indecente, dirigido por Adrian Lyne e estrelado por Robert Redford, Demi Moore e Woody Harrelson. Todos vocês lembram do filme. Sobre ele, farei apenas dois comentários: primeiro, a história é clichê; segundo, a história é inverossímil. Clichê, porque a história de pessoas perfeitinhas que são tentadas pela ganância ou luxúria não é novidade. O Advogado do Diabo, Ligações Perigosas, entre tantos outros, falam sobre a impossibilidade de resistir à tentação, seja do sexo, seja do dinheiro. Inverossímil, porque na vida real o proponente se pareceria mais com o Olacyr de Moraes do que com Robert Redford. Mas não foi nada disso que chamou minha atenção.
Adrian Lyne dirigiu, segundo o site IMDB.com, nove filmes. Não tenho idéia de como são os dois primeiros, mas esses são os outros sete:
Flashdance - em ritmo de embalo (Flashdance, 1983)
9 ½ Semanas de Amor (9 ½ Weeks, 1986)
Atração Fatal (Fatal Attraction, 1987)
Jacob’s Ladder (1990) [eu assisti, mas não lembro o título em português. É um filme meio esquisito, com Tim Robbins. Não gostei.]
Proposta Indecente (Indecent Proposal, 1993)
Lolita (idem, 1997)
Infidelidade (Unfaithful, 2002)
O que me ocorreu, enquanto eu revia Proposta Indecente, foi que parece que Adrian Lyne está sempre buscando causar polêmicas, mas talvez a intenção dele não fosse somente essa. Talvez ele queira fazer com que as pessoas pensem e repensem as relações entre homem e mulher, mas não consiga. Acontece, porém, que ele é tão incompetente e tão clichê que seus filmes ficam no meio do caminho entre o erótico e o dramalhão. As pessoas assistem Adrian Lyne para pensar (ou fazer) sexo, mas preferem assistir Woody Allen para inspirar-se a discutir relacionamentos (ok, talvez Woody Allen seja um pouco neurótico demais, mas vocês entenderam o que eu quis dizer).
As mulheres nos filmes de Adrian Lyne são, quase sempre, desajustadas. Alex (Glenn Close, em Atração Fatal) não suporta levar um fora; Diana (Demi Moore em Proposta Indecente) é quem instiga o marido a aceitar o acordo milionário; Lolita (Dominique Swain no filme de mesmo nome) é uma criança, mas cheia de vontades de toda natureza; e Connie (Diane Lane em Infidelidade), apesar de ter realizado o sonho americano, não hesita em pular na cama do primeiro francês charmoso que aparece em um dia de ventania.
Curiosamente, é justamente nas mulheres que está a única coisa boa desses filmes. Glenn Close e Diane Lane foram indicadas ao Oscar. A cena em que Connie (Diane Lane) está no trem, voltando para sua vidinha suburbana depois de uma tarde com o amante, é uma das mais incômodas que já vi. Muito emocionada, ela se divide entre as lágrimas e o riso, entre o remorso e o prazer. A cena é muito bonita; não à toa foi escolhida para passar no telão durante a cerimônia do Oscar. Mesmo assim, o filme é ruim.
E os homens? Dan (Michael Douglas em Atração Fatal) é metido a garanhão e acha que consegue tirar de letra o fato de trair a mulher, desde que seja uma vez só. David (Woody Harrelson em Proposta Indecente) é metido a bonzinho e acha que consegue tirar de letra a traição da mulher, desde que seja por dinheiro e uma vez só. Humbert (Jeremy Irons em Lolita) é fraco e manipulado pela ninfeta. E Ed (Richard Gere em Infidelidade) é tão simplório que não vale a pena nem comentar.
Traição é um tema constante na filmografia de Adrian Lyne, apesar de mal abordado. Por isso, encerro esse post com dicas de dois filmes que, na minha opinião, foram muito mais felizes ao abordar o tema:
Por uma Noite Apenas (One Night Stand, 1997), com Wesley Snipes, Nastassja Kinski e Robert Downey Jr. – tem gente que odeia, mas eu adoro esse filme.
Closer – Perto Demais (Closer, 2004), com Julia Roberts, Clive Owen, Natalie Portman e Jude Law – de novo, tem gente que detesta, mas eu gosto muito. Já até me inspirei nesse filme para escrever um parágrafo.
Quem tiver sugestões de outros filmes sobre o assunto, pode mandar um e-mail, se quiser. Farei atualizações com os títulos que eu receber.
E.T.(1) Como vocês podem perceber, voltei de viagem mais cedo do que eu disse aqui.
E.T.(2) Se você leu até aqui, talvez queira ler sobre fidelidade em outro post.
Atualização (7/2/2008): Beija-flor sugere Jornada da Alma, baseado na correspondência entre Freud e Jung, sobre uma paciente chamada Sabina. Ela foi a primeira paciente em quem Jung aplicou as teorias do mestre Freud. Médico e paciente se tornam amantes e ela acaba por se tornar psicanalista também. Não vi o filme, mas a história parece muito interessante.
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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Robert Frost e os Outsiders
Li, na edição de ontem do NY Times, que dois críticos literários estão contestando o trabalho de transcrição de 47 cadermos de anotações do poeta americano Robert Frost, feito por Robert Faggen, autor do livro The Notebooks of Robert Frost, publicado pela Harvard University Press e lançado em janeiro passado. Erros de ortografia e gramática foram identificados pelo críticos e, agora, o organizador do livro está tendo de se explicar.

São livros e filmes datados, eu sei, mas recomendo-os mesmo assim.
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terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Uma lágrima para Heath Ledger
Heath Ledger, ator australiano de 28 anos, foi encontrado morto hoje, em um apartamento no SoHo, em Manhattan.
A primeira vez que o vi foi em 10 coisas que eu odeio em você (10 Things I Hate About You, 1999), uma comédiazinha adolescente sem pretensão nenhuma e que eu me dispus a ver só porque tinha sido inspirada em A megera domada, de Shakespeare. Bom, o filme é bonitinho mas Heath Ledger era mais, o que mostrou ao cantar "Can't Take My Eyes Off You", em ritmo de banda de fanfarra.
Mais tarde, assisti a Coração de cavaleiro (A Knight's Tale, 2001), filminho bacana que conta uma história dos tempos medievais com apelo contemporâneo. A trilha sonora é incrível, nunca imaginei que Queen e David Bowie combinasse com armaduras, cavalos e torneios antigos.
Depois disso, vieram A última ceia (Monster's Ball, 2001) - excelente, excepcional! -, Os irmãos Grimm (The Brothers Grimm, 2005) e Casanova (2005). O grande destaque veio com O segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, 2005), em que Ledger interpretou um cowboy gay. Polêmicas à parte, o filme é sensível e ele trabalhou muito bem.
O último papel que ele interpretou foi o de Coringa, em O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008), que ainda não estreou por aqui. Não foi ele quem riu por último, porém.
Mais um que se foi. Que ele se reuna a River Phoenix, James Dean, Brad Renfro e tantos outros que não chegaram à idade que tenho hoje.
E.T. Heath é o diminutivo de Heathcliff, personagem do romance O morro dos ventos uivantes, de Emily Brönte. Já falei sobre a importância do nome aqui. Nunca, em sã consciência, eu daria esse nome a um cachorro, que dirá a um filho. Quem conhece a história sabe que Heathcliff é um homem amargo, que sofre por não poder amar livremente. O nome encerra em si, a meu ver, toda essa representação e dela não se dissocia, independente de quem o carrega.
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Encontrando Forrester
Encontrando Forrester (Finding Forrester, 2000) é um desses filmes que não me canso de ver. Ou, para responder a uma daquelas perguntas típicas de entrevistas pingue-pongue, é um filme que paro para assistir de novo, sempre que está passando na TV.
A história é simples, como são todas as histórias dos filmes mais elegantes que já vi. Jamal Wallace é um jovem negro, morador do Bronx, que tem a chance de cursar uma das mais prestigiadas escolas preparatórias de Nova York, graças a seu desempenho em alguns testes preparatórios e nas quadras de basquete. Acontece que o esporte não é a única paixão de Jamal: o garoto é um gênio da literatura. Ele conhece o recluso escritor William Forrester, interpretado por Sean Connery, e o convence a ajudá-lo com sua escrita. A evolução da simples convivência entre o jovem aluno e o velho escritor em uma sólida amizade é o fio condutor do filme.
O filme é dirigido por Gus Van Sant, o mesmo de Gênio indomável (Good Will Hunting, 1997), estrelado por Matt Damon e Robin Williams. Quem assistiu aos dois filmes, percebe imediatamente as semelhanças: um jovem pobre, mas dotado de uma inteligência fenomenal, encontra a salvação por meio de um tutor que serve de apoio e guia para uma vida melhor. A diferença é que em Forrester, Gus Van Sant troca a matemática de Will pela literatura de Jamal.
O personagem de Sean Connery foi claramente inspirado em J.D. Salinger, autor de O apanhador no campo de centeio (The catcher in the rye), romance de formação e uma das leituras obrigatórias nos colégios norte-americanos.
Para mim, o grande charme do filme é falar sobre literatura e suscitar questões que estimulam a minha reflexão. Por exemplo, por que autores que escreveram um só livro, na maioria das vezes uma obra-prima, decidem abandonar a pena? Raduan Nassar, uma das vozes mais importantes da literatura brasileira, escreveu apenas três livros antes de, em 1984, recolher-se a um sítio no interior de São Paulo e nunca mais escrever. As excelentes obras (Um copo de cólera, 1975; Lavoura arcaica, 1980; e Menina a caminho, coletânea de histórias escritas nas décadas de 60 e 70, mas publicada em 1994) são prova da força narrativa de Raduan, de que estamos privados talvez para sempre.
Outra questão sugerida por Forrester é algo muito ligado à rotina do escritor. Forrester escreve à máquina. Eu uso um computador. Dizem que J.K. Rowling escreveu o primeiro volume da série Harry Potter inteirinho em guardanapos de papel dos pubs por onde andava. Até que ponto o texto é influenciado pela forma com que as palavras nascem? Palavras escritas à máquina são definitivas, não podem ser apagadas. O escritor pode riscá-las, abandoná-las, mas elas sempre estarão lá, assim como as palavras escritas à mão. Já o texto de computador é diferente, as palavras são engolidas pela ação implacável do Backspace e Delete e se perdem para sempre.
Penso que encontrar um Forrester é o sonho de todo escritor iniciante. Quem de nós, pobres ficcionistas, de ficção pobre, não gostaria de ter um tutor como, vamos dizer, Lygia Fagundes Telles ou Ignácio de Loyola Brandão? O meu Forrester é Marçal Aquino. Ele não é recluso – muito pelo contrário, é de uma simpatia cativante -, mas é na escrita dele que me inspiro. Literatura contemporânea é o que faz minha cabeça e considero Marçal um dos melhores.
Aí vai uma prévia do filme, para animá-los a correr para a locadora mais próxima:
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domingo, 20 de janeiro de 2008
Bia no Homem Nerd
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sábado, 19 de janeiro de 2008
Uma lágrima para Brad Renfro
Ele morreu na terça-feira, dia 15, mas eu só li a notícia hoje.


Depois disso, ele fez parte de um filme que conta a história de quatro amigos que moram em Hell's Kitchen, um dos bairros mais pobres de Nova York. Em Sleepers, Brad Renfro interpreta Michael Sullivan quando jovem, o mesmo personagem que, ao envelhecer, coube a Brad Pitt. O filme, de 1996, tem no elenco Robert de Niro, Dustin Hoffman, Minnie Driver, Jason Patric e Kevin Bacon. O filme é forte, não é recomendado para os puros de coração, mas é um dos meus preferidos.

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