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terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A escrita de mim 04

Retrospecto

Quando, certa manhã, acordei de sonhos intranqüilos, encontrei-me em uma cama metamorfoseada em alento. O corpo nu, meu corpo nu, não respondia aos meus comandos para que saísse dali. Há dias aquele corpo não me obedecia e eu preferia assim. Tornava mais fácil me deitar com os outros corpos nus.
A vergonha me pregava à cama, mas a urgência me obrigou a abrir os olhos. Reconheci o quarto: não estivera ali desde os 17 anos, mas guardava todos os detalhes comigo. A cama estreita, encostada à parede, a estante com coleções enciclopédicas desatualizadas, ultrapassadas como as tentativas de resgate que eu acabara de fazer. Seus pêlos sobre a minha pele desenhada, minhas marcas sobre a minha vontade afoita. Sua força, o peso de 14 anos sobre meu corpo e eu. Eu que a tudo assistia, tudo sentia e de tudo esqueceria no minuto em você desabasse em êxtase, ao meu lado.

(junho de 2007)

2 comentários:

Anônimo disse...

Vá escrever bem assim lá na pqp! Genial!

Bia disse...

Que bom que você gostou! Esse texto me é muito querido.

Obrigada pela visita!