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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A arte de escrever cartas

Quando eu era criança, aprendi na escola a escrever cartas. Acho que estava na 2ª ou 3ª série. A professora ensinou a colocar o cabeçalho, explicou o que é remetente e destinatário. Pediu para que escrevêssemos uma carta e deu um selo para cada um. Disse que, sem o CEP, nada feito e mostrou o Guia Postal Brasileiro.

Dias depois, minha avó recebeu a primeira missiva que escrevi. Eu acabei adquirindo, mais tarde, o hábito de escrever cartas para mim mesma. Não as enviava, lógico, mas durante anos guardei-as em uma caixa de papelão. Eram cartas, bilhetes e notas que descreviam meu dia-a-dia, comentavam os acontecimentos. "Não seria mais fácil manter um diário?", vocês estarão se perguntando. Pois é, mas eu nunca fui disciplinada o suficiente para manter um diário.

Lembrei-me disso tudo ao ler a coluna de Terence Clarke, publicada hoje no BlogCritics Magazine. O artigo traça um paralelo entre a literatura epistolar e os blogs. O gênero literário era muito comum até o século 19, embora ainda vejamos compilações de documentos mais recentes, que datam de até a metade do século 20, por exemplo. Com o advento do telefone, e mais recentemente do e-mail, a carta particular caiu em desuso.

Clarke diz que teve esperanças de que os blogs trouxessem de volta o hábito de trocar cartas. Talvez as pessoas começassem a se escrever de novo, ele sonhava. Os blogs permitiriam que uma pessoa postasse uma carta à moda antiga, fazendo considerações sobre assuntos corriqueiros e expressando sua opinião. O destinatário anônimo responderia, através de comentários, e a comunicação epistolar seria restabelecida.

Como disse o Simão, em seu comentário a esse post, é muito freqüente vermos blogs sendo utilizados como divã ou espaço para resmungos, o que é uma pena. Foi o que Clarke também percebeu. Ele concluiu que, embora os usuários estejam, sim, dispostos a trocar informações, nem sempre elas são de caráter artístico ou intelectual.

A triste constatação é que reunir fofocas sobre o último escândalo de Britney Spears - e assuntos correlatos - parece atrair mais a atenção dos blogueiros do que revitalizar a arte de escrever cartas.

Atualização (19/02/08): encontrei uma frase de Ezra Pound que é o desfecho perfeito para esse post.


"The art of letters will come to an end before A.D. 2000.
I shall survive as a curiosity."

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Na contramão do que eu disse aqui, encontro a citação abaixo, frase do escritor mexicano Carlos Fuentes. Filhos de diplomatas mexicanos, ele nasceu no Panamá e morou em diversos lugares durante a infância, inclusive no Rio de Janeiro. É autor de muitos romance, como Aura e Os anos com Laura Diaz:

Não acredito que qualquer livro bom seja baseado em experiências reais. Livros ruins tratam de coisas que o escritor já sabia antes de escrevê-los.

Quem sabe eu ainda tenha chances...!

(Não achei a referência sobre o livro em que está essa citação; tropecei na frase dentro do site Quotations Book. Como estava em inglês, eu mesma a traduzi.)

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Para reflexão

Recebo, em minha caixa de entrada, todos os dias, a newsletter do site Quotations Book.


Citações são uma mania que americanos e britânicos têm, mas que os brasileiros não desenvolveram muito. Talvez porque as celebridades e intelectualidades brasileiras não tenham tanta coisa interessante a dizer, sei lá. De qualquer forma, às vezes algumas frases me chamam a atenção, como a frase de Pablo Picasso que abre esse post.

Hoje, leio mais uma, bastante significativa:

Grow old with me
the best is yet to come.
Robert Browning

Robert Browning foi um poeta e dramaturgo inglês do século 19 cujo trabalho inspirou autores tão diversos quanto Aldous Huxley e Stephen King. Ele foi casado com Elizabeth Barrett Browning, também poeta, cujo livro Sonnets from the Portuguese contém inúmeros poemas de amor. O mais famoso é este:

How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of everyday's
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints!---I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life!---and, if God choose,
I shall but love thee better after death.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Da fidelidade


(A imagem que ilustra este post foi retirada do blog Escritório de criação)

Leio o seguinte trecho de Humano, demasiado humano, do Nietzsche, inserto em O amor: receitas práticas e sábias, coletânea de textos filosóficos sobre o mais buscado dos sentimentos, editada pela Landy:

É possível prometer atos, não sentimentos. A promessa de amar sempre alguém significa portanto: pelo tempo que te amar, eu o testemunharei a ti por atos de amor; se eu deixar de te amar, nem por isso deixarás de ser da minha parte o objeto dos mesmos atos.

Lembrei de um conto de Machado de Assis recém estudado na pós-graduação, intitulado “Noite de almirante”. Conta a história de Deolindo Venta-Grande, marujo que sonha reencontrar Genoveva, com quem namorou durante três meses, pouco antes de sair em viagem. Naquela ocasião, a caboclinha lhe jurara fidelidade e, agora, dez meses depois, Deolindo vai ao seu encontro. Qual não é sua surpresa quando chega à casa de Genoveva e a encontra amasiada com um mascate. Incrédulo, indaga sobre o juramento que ela fizera. A resposta:

- Pois, sim, Deolindo, era verdade. Quando jurei era verdade. Tanto era verdade que eu queria fugir com você para o sertão. Só Deus sabe se era verdade! Mas vieram outras cousas... Veio este moço e eu comecei a gostar dele...

Genoveva é o símbolo da quebra do amor romântico, tão exaltado e descrito inúmeras vezes pelos autores que precederam Machado, por exemplo José de Alencar e Joaquim Manuel de Macedo, como o único tipo de amor possível. O amor que é eterno, que tudo vence e tudo supera. Machado, ao contrário, narra a história de um amor que sucumbiu ao tempo, à ausência, aos atrativos do mascate que arrebatou o coração de Genoveva. O mesmo texto de Nietzsche, citado anteriormente, ratifica o pensamento realista da moça:

Quem promete ao outro amá-lo sempre ou odiá-lo sempre ou de ser-lhe fiel sempre promete algo que não está em seu poder.

E foi isso que aconteceu: Genoveva, “sem saber como, amanhecera gostando dele”, do outro. Em seu juízo, nada fizera de errado. A ler-se o fragmento abaixo, retirado do Tratado da natureza humana, de Hume, conclui-se que ela apenas aceitou seu destino natural:

Por que meios persuadir os homens de que as transgressões do dever conjugal são mais infames do que qualquer outro tipo de injustiça, quando é evidente que elas são mais desculpáveis devido à importância da tentação? E que possibilidade há de suscitar repugnância às proximidades de um prazer pelo qual a natureza nos inspirou um pendor tão forte, e um pendor ao qual é, no final das contas, de todo necessário ceder para a preservação da espécie?

Ceder ao pendor natural, ceder à tentação. Já dizia Oscar Wilde: “I can resist everything except temptation.” Ao que parece, essa é, realmente, a sorte do ser humano.

A mim, parece-me que é Vinícius de Moraes quem dá a última palavra sobre o assunto:

Soneto da fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Quem não seja imortal posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Citação do dia

"Once you make a decision, the universe conspires to make it happen."

Ralph Waldo Emerson (1803-1882). Ensaísta americano, filósofo transcendentalista, acreditava em um processo de introspecção metódica para obter o conhecimento profundo do eu.

domingo, 7 de janeiro de 2007

If you can love me for what I am, we shall be the happier. If you cannot, I will still seek to deserve that you should.
(Ralph Waldo Emerson)