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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

À letra da lei

Já mencionei essa história aqui, mas permitam-me repeti-la brevemente para poder continuá-la em direção diversa.

Alguns de vocês já sabem que comprei meu primeiro livro aos nove anos de idade. Pedi dinheiro para minha mãe e, na feira de livros do colégio, comprei meu primeiro livro de mistério. Desde então, não parei mais e tornei-me uma apaixonada por literatura policial.

Muitos anos depois, na época do vestibular, estava indecisa entre cursar Jornalismo ou Direito. Meus pais, preocupados que eu fosse morrer de fome ou transformar-me em uma boêmia vagante pelas noites de São Paulo em busca de notícias, aconselharam-me (e insistiram, devo acrescentar) que eu optasse pela profissão de advogada.

Durante a faculdade, logo no primeiro ano, comecei a interessar-me por thrillers jurídicos. Achava que lê-los colocar-me-ia mais perto da realidade que me aguardava além das sacadas da faculdade. Eu não poderia estar mais enganada. De qualquer forma, foi naquela época que conheci autores como Steve Martini, William Bernhardt e Erle Stanley Gardner. O mais lido, porém, não poderia ter sido outro que não o festejado John Grisham.

Não me lembro qual foi o primeiro livro dele que li, acho que foi A firma. Eu já tinha assistido ao filme, com Tom Cruise, Gene Hackman e Holly Hunter, e, ao ler o livro, a comparação foi inevitável. Embora eu pense que não é possível comparar palavra escrita com palavra falada, cenas imaginadas com cenas filmadas, rostos desenhados com rostos fotografados, gostei muito mais do livro que do filme e passei a buscar outros títulos de Grisham.

Li, de uma tacada só, Tempo de matar, O dossiê pelicano, A câmara de gás e O cliente, todos em inglês, achando que era uma maneira de me familiarizar com os legal therms com que me depararia no exercício da advocacia. Acho que, na época, o único que já havia sido adaptado para o cinema tinha sido O dossiê pelicano, com Julia Roberts e Denzel Washington. Talvez O cliente também, mas não tenho certeza.

Do que lembro é de conversar com minha amiga, a dona dos livros tão gentilmente compartilhados, sobre uma provável adaptação dos outros títulos e de especularmos quem escolheríamos para o elenco. Revoltei-me quando escalaram Matthew McConaughey para o papel de Jake Brigance em Tempo de matar. Sam Elliott era a minha primeira opção para o papel de Sam Cayhall, o avô racista do personagem principal de A câmara de gás, mas Gene Hackman foi perfeito.

Em um dado momento, eu enjoei de John Grisham. Os enredos não me pareciam tão atraentes; ao contrário, pareciam repetir uma fórmula que, para mim, já estava desgastada. Acho que até o próprio autor se cansou: aventurou-se a escrever livros memorialistas (A casa pintada) e tentou ser mais espirituoso (Esquecer o Natal).

Agora, leio que um novo thriller será lançado no EUA no próximo dia 29. The appeal começa onde a maioria dos outros termina: no final do julgamento, na hora do veredito. Li o primeiro capítulo aqui e, pela primeira vez em muitos anos, estou ansiosa por ler John Grisham de novo.


Acho que pode ser a oportunidade perfeita para fazermos as pazes.

3 comentários:

Blog do Beagle disse...

Faz muitos anos que leio, no máximo, dois livros do mesmo autor. Para mim, os demais, sempre são repetição. Bjkª. Elza

Anônimo disse...

Você é de uma honestidade intelectual ímpar, Turtle, darling!

Bia disse...

Elza,
De alguns autores faço questão de ler tudo, sempre. Gosto de acompanhar a evolução (ou involução) daquela literatura. Principalmente agora, que inventei de querer fazer um mestrado, terei de me aprofundar em um ou dois autores. Às vezes, vale a pena.
Mas é questão de gosto, né?

Anônimo,
"honestidade intelectual"? A-do-rei! Obrigada!

Beijos aos dois (ou duas)!