Atendendo a um pedido do DD Simão, o Cireneu, vou falar um pouquinho só dessa pessoa que gosto muito. Não sei nem se é certo dizer assim, fica parecendo que se trata de alguém que eu conheça, o que não é.
Não me lembro quando minha admiração por Nelson Rodrigues começou. Costumo dizer que o apreço por Nelson Rodrigues costuma pular gerações. Não é regra, mas as pessoas entre 50 e 60 anos não costumam gostar muito de Nelson, não sei se porque o pensam como um doidivanas, um pervertido, um pornográfico. Por outro lado, os mais jovens, que não viveram a época em que Nelson era censurado sem cerimônia, pode se deleitar com o excelente e impecável trabalho de Ruy Castro, que organizou a maior parte da obra para a Companhia das Letras.
Nelson Rodrigues é um apreciador do cotidiano. Não trata de temas elaborados, escreve apenas sobre aquilo que todo mundo sabe mas ninguém quer comentar porque é feio, não é direito, não se faz. Justamente o fato de ele esfregar essas impropriedades em nossas fuças, trazer essas depravações para dentro dos lares de média classe e meia idade é que o torna tão fascinante e verdadeiro. Afinal, se puxarmos pela memória, todos nós conseguiríamos pensar em uma ou duas histórias dignas de Nelson e que ocorreram com uma cunhada, uma prima, um vizinho, um colega de repartição...
Para quem quiser saber mais:
- A Mentira, de Nelson Rodrigues (excelente, importa menos o desfecho e mais o retrato do desvio comportamental humano)
- O Anjo Pornográfico, de Ruy Castro (biografia completíssima, fotos e tudo o mais)
- Releituras (pílulas de Nelson)
E para encerrar:
"Toda família tem um momento em que começa a apodrecer. Pode ser a família mais decente, mais digna do mundo. Lá um dia aparece um tio pederasta, uma irmã lésbica, um pai ladrão, um cunhado louco. Tudo ao mesmo tempo."
É isso.
2 comentários:
Começamos bem, obrigado! Aguardo todo um roteiro de policiais, que V. prometera também.
Amplexos!
Ah, querido, estamos em fase de preparação, me aguarde!!!
Obrigada pela visita!
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