Páginas

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O quebra-cabeça e o divã

Então.

Ontem, eu estava no meu escritório em casa, ouvindo música e tentando arrumar a bagunça que fiz em meu IPod. Porque já eram quase 9 horas da noite, meus neurônios já estavam pedindo arrego e resolvi deixar o ITunes de lado.

Para passar o tempo, resolvi experimentar um porta-puzzle que comprei e tirei um jogo de 500 peças do alto do armário. Aqui, cabe um esclarecimento: eu acho quebra-cabeças profundamente relaxantes. Tenho o costume de montá-los quando estou brava ou chateada, por exemplo, para que minha cabeça se ocupe com outra coisa; em pouco tempo as razões do meu desconforto não parecem mais tão importantes. Nada como a passagem do tempo, não?, mesmo que seja apenas algumas horas.

O jogo que escolhi, já o tenho há anos e estou acostumada a montá-lo, motivo porque é sempre minha primeira escolha. Quando a situação é mais grave, vamos dizer uma briga amorosa ou uma crise existencial, eu escolho jogos maiores. Da última vez, levei duas semanas montando um mapa mundi antigo de 3000 peças. A briga (ou a crise, nem me lembro mais) já tinha sido resolvida muito antes de eu encaixar a última peça.

Mas o fato é que ontem, por volta das 9 da noite, eu estava sentada no sofá do escritório montando um quebra-cabeça. Tinha ligado o rádio e ouvia os últimos comentários sobre a rodada dos campeonatos estaduais, dado que a estação sintonizada era a CBN. Aqui cabe outro esclarecimento: o rádio do escritório está sempre sintonizado na CBN. Preferência, você vai perguntar? Sim; prefiro-a a BandNews ou a outra rádio de notícias qualquer. Mas há mais que isso. Meu aparelho não tem dial digital, o que dificulta uma sintonia precisa e sem chiados. Junte a isso as milhões de rádios pirata que estão no ar e voilá: se eu mexer no dial, nunca mais consigo achar a rádio novamente. Já tentei, acredite, mas não deu certo. Eu ligava o rádio e uma voz cavernosa dizia que Satanás está em cada esquina, esperando que eu caísse em tentação para me levar para o fogo dos infernos. Passei três semanas olhando por cima do ombro cada vez que ia atravessar a rua, com medo de que Lúcifer em pessoa fosse me dar o bote a qualquer momento. Finalmente, consegui, em uma noite clara e sem lua, localizar a CBN. Desde então, fica assim, eternamente ligado na rádio que toca notícias, e as únicas vozes que ouço são de Heródoto Barbeiro, Milton Jung e Adalberto Piotto. Algumas delas atiçam minha imaginação e curiosidade, mas esse é outro assunto.

De volta à história (porque a essa altura você nem se lembra mais do que eu estava falando).

Eu dizia que estava ouvindo rádio por volta das 9 da noite. Assim que terminou a rodada esportiva, o locutor anunciou que o próximo programa era o do psicoterapeuta Flávio Gikovate. Pensei em desligar o rádio, mas mal conseguia me mexer, com aquele puzzle no meu colo e tudo o mais. Deixei o programa seguir em frente.

Meio distraída, ouvi o anúncio do tema: por que as pessoas repetem determinado tipo de escolha afetiva, principalmente as inadequadas? A partir daí, Gikovate passou a falar sobre baixa auto-estima e a atender telefonemas de ouvintes, e minha atenção já estava presa às palavras do especialista.

Minuto após minuto, o rosário de problemas que chegavam pelo telefone e por e-mail trazia diversas dúvidas, a maioria sobre relacionamentos amorosos. Um homem apaixonado por uma colega de faculdade com metade da idade dele; outro que sabe que tem baixa auto-estima, mas não sabe o que fazer para mudar e agrava ainda mais sua condição porque só se relaciona com prostitutas.

Comecei esse post com a idéia de falar sobre as dificuldades de relacionamento, sobre as pessoas que complicam ainda mais algo complexo como o amor, sobre como alguns são egoístas e outros têm medo de ser feliz no amor. Pensei em falar sobre tudo isso, mas vou deixar para outra ocasião. O texto já está muito longo, acabei fazendo digressões, como sempre.

No lugar, deixo o áudio do programa No divã do Gikovate de ontem, que me fez companhia no final do meu domingo. Quem quiser ouvir, pode refletir sobre o assunto para, quem sabe, retomarmos a discussão outro dia.


3 comentários:

Anônimo disse...

Que tal pegar um quebra-cabeças de umas 250.000 peças e montar contando períodos, em vez de horas, dias ou semanas? Comece no azóico e vá num crescendo, até o cenozóico, da era quaternária, e... quando vir, a fossa já passou.
Amplexos do Simão!

Anônimo disse...

Oi Bia, sempre que tenho um tempinho entro aqui no seu blog, curioso que é sempre no final de algum expediente, como agora que deveria estar saindo para o almoço, aí digo - Vou dar só uma olhadinha, quando vejo já li todas as suas novidades... e me acabo atrasando...

Creio que isso seja um bom sinal para você, não acha? O poder de seduzir o leitor...Continue. Um abraço- Adriana/UNIP

Bia disse...

Simão,
ainda bem, minhas fossas não duram tanto! Se fossem tão longevas, eu já estaria extinta!

Adri,
que bom contar com sua presença e visita! Obrigada pelo apoio!

Beijos da Bia