Meu marido morreu ontem. Teve uma ataque cardíaco na praia. Um horror, o rapaz da funerária disse que tinha areia em tudo quanto é canto. Disse que teve de esfregar e esfregar as pernas, a barriga, as costas, lavar o cabelo preto do Ricardo três vezes para tirar toda a areia. O resultado foi que ele ficou bem rosadinho, mesmo depois de morto no caixão, bonito mesmo.
Ricardo era muito admirado, por isso mesmo ninguém acredita que um homem que passou a vida se jogando de penhascos ao mar, se exibindo para turista ver, tenha tido um enfarte ao ver a mulher vestindo um duas-peças na praia em vez daqueles maiôs com saiote. Que culpa tenho eu se meu corpo é bonito?
Agora, vocês me dão licença que já está chegando gente para o velório.
Acapulco, 1957
Um comentário:
Bia, Bia!
Voltei, depois de muito tempo fora do mundo (do real e do virtual, também). Não sei se voltei para ficar, estou pensando ainda. Período de silêncio e de reflexão.
Não me pergunte nada muito difícil, ou vou ter de consultar os universitários (ok, não teve graça nenhuma).
Pax
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