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sexta-feira, 18 de julho de 2008

Bolo e velinhas para Pati

Em novembro de 2004, dentro do trem que me levava de San Diego para Fullerton, nos arredores de Los Angeles, eu pensava nela. Seis anos antes, a menina que vendia sanduíche natural nos corredores do Shopping Ibirapuera tinha mudado de casa, de cidade, de país, e agora estava me esperando na estação final. Não me lembro se fazia muito que não a via, mas tampouco interessa. Laços tão fortes como os nossos não definham com a distância.

Eram outros tempos, aqueles do sanduíche natural. Acho que a menina tinha entre 14 ou 15 anos, 16 no máximo, e toda a renda obtida destinava-se a custear parte das viagens para Fernando de Noronha que regularmente fazia com a irmã. São o tipo de pessoa que mete as caras, como dizem por aí, ela e a irmã. Sempre esportistas, e por um tempo surfistas, iam as duas meninas escalar torres de água salgada na filial brasileira do Éden.

A menina, a do sanduíche, estudou Biologia na USP, um dos cursos mais bicho-grilo que há. Foi a primeira pessoa que eu soube que dormia sobre um tatame sem ser japonesa. Em algum momento, apaixonou-se pela dança, em especial pelo calor do flamenco. Sapateando e castanholando, dá aulas, faz apresentações, estuda os movimentos, deu nome para a cachorra, Soleá.

Lá, no estrangeiro, tornou-se profissional competente e aplicada, casou-se, sofreu um bocado, mas, ao que me consta, hoje está muito bem. Não a vejo desde a Páscoa do ano passado, quando passamos todos - minha mãe, meu irmão e a mulher, meus tios, minha prima que poderia ter sido miss e ela, minha prima caçula - um feriado em família em um transatlântico de cimento e tijolos no Guarujá.

Pati, querida, minha vista já embaça e mal consigo digitar. Tenho medo de as lágrimas de saudade inundarem o teclado. Feliz aniversário, priminha, seja feliz.

Um comentário:

Artsy-Fartsy disse...

Uia, pelo menos uma coisa boa em meu aniversário: alguém fenomenal nasceu no mesmo dia em que nasci, e alguém fenomenal consegue emocionar-se, neste dia para mim meio vazio.
Abraços a ambas!