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quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Prêmio Jabuti 2007 (2)

Gala e gafe no Jabuti 2007
Com muito prosecco, melhores livros recebem prêmio


No lugar das notas musicais, letras e palavras. Na noite de ontem, a Sala São Paulo – residência oficial da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – abrigou autores, editores, livreiros, designers e demais personagens do mundo do livro para a entrega do 49º Prêmio Jabuti.

Destoavam do bom gosto e do refinamento da arquitetura local alguns vestidinhos um pouco curtos em mulheres muito ousadas. Durante o coquetel, servido antes da premiação, os presentes se acotovelavam em busca de barquetes e canapés, enquanto a presidente da Câmara Brasileira do Livro, Rosely Boschini, distribuía sorrisos e recebia os elogios pela festa.

O ponto alto da noite foi a escolha de Latinoamericana – Enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe como o livro de não-ficção do ano. O trabalho hercúleo de Emir Sader e Ivana Jinkings, organizadores do catatau de quase 1.400 páginas publicado pela editora Boitempo, resultou em um livro ímpar, de projeto gráfico primoroso e referência para qualquer um que queira entender quem somos e para onde vamos. Fiquei ainda mais feliz com a escolha porque o livro também é filhote do meu querido amigo César Landucci.

Merece destaque, também, a crescente participação de editoras pequenas na premiação. Ombro a ombro com gigantes como Record, Companhia das Letras e CosacNaify estavam casas como a Arquipélago Editorial, Villa das Letras e Mameluco, prova de que é possível fazer livros de qualidade mesmo com uma estrutura editorial pequena. É animador ver que o mais tradicional prêmio literário brasileiro reconhece e contempla esse esforço.

Por outro lado, inadmissível a gafe do Exmo. Sr. Vice-governador Alberto Goldman que, bem nas vastas barbas do curador José Luiz Goldfarb, chamou o Jabuti de “prêmio modesto”. Ora, no meu tempo a boa educação mandava não desrespeitarmos nossos anfitriões. O sr. Goldman usou um eufemismo para dizer que o Jabuti paga valores mixos a seus premiados.

Não discutirei se o dinheiro distribuído pela CBL é muito ou é pouco. A questão aqui é a deselegância do representante do Governo do Estado. Soou como aquele velho bordão “é-pobre-mas-é-honesto”. Não contente de ter pisado na bola uma vez, ele repetiu a dose ao se retirar do palco tão logo iniciada a premiação, sem dar justificativa alguma aos presentes. Imperdoável.

[O texto acima foi um exercício de redação jornalística opinativa. Ainda assim, juro que aconteceu tudo desse jeito.]

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